O mestre de toda uma geração nos deixou... Mas seus ensinamentos ficam fortes e constantes na mente de cada um que um dia pode estar na presença desde cearense de Ipu. Humilde, conhecedor profundo de sua arte, o grande mestre Alencar 7 cordas formou os principais músicos de Brasília.
Seus ensinamentos não se resumiam a notas e acordes, eram lições de vidas, sempre regadas a muitas histórias, contos e anedotas. A maestria fazia parte da alma desse ipuense arretado. Sempre de bem com a vida ele encantava e comovia a todos escutassem sua virtuose.
O lendário violonista Alencar 7 cordas morreu na noite desta quarta- feira (15) em Brasília. O músico de 60 anos, que foi um dos fundadores do Clube do Choro, sofreu um infarto fulminante após participação no show do pianista Antônio Carlos Bigonha na Casa.
Alencar foi peça fundamental na formação de grandes instrumentistas da cidade, e sua árvore harmonica estará sempre presente na alma de todos os seus alunos e colegas.
Uma rara unanimidade no meio musical brasiliense, José Alencar Soares, o Alencar Sete Cordas, foi responsável pela formação de violonistas de diferentes gerações. Um dos fundadores do Clube do Choro, do grupo Choro Livre e primeiro professor da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello, ele comemorou 60 anos, em 17 de junho deste ano, com uma grande festa, cercado de amigos, colegas e discípulos. No começo da madrugada de ontem, morreu, no Hospital de Base, vítima de enfarte.
Ainda lembro como se fosse hoje a comemoração de seus 60 anos. O lugar repleto de grandes músicos de brasília, todos em harmonia tocando com o mestre.
Acho que só ele poderia reunir a nata dos músicos num só lugar. O mestre é querido por todos.
Na noite de quarta-feira, convidado especial de Antônio Carlos Bigonha, em show no Clube do Choro, Alencar subiu ao palco, no segundo bloco, e acompanhou o pianista em Carta a Niemeyer. “Ele estava tranquilo, feliz, e tocou lindo, recebendo aplausos calorosos da plateia. Dediquei a música a ele e ao Reco do Bandolim”, conta Bigonha. Logo após sair de cena, Alencar passou mal e foi para o carro.
Ao ser informado do ocorrido pelo segurança do clube, Reco do Bandolim foi ao encontro do violonista e o viu pálido, com falta de ar e sentindo fortes dores. “Imediatamente, levei Alencar ao Hospital de Base. Lá, o médico tentou reanimá-lo com massagem, choque, mas não houve jeito. À 0h15, ele morreu, vítima de enfarte fulminante”, conta Reco.
Todos homenageavam e reverenciavam o mestre, em vários eventos:
Até música ele ganhou:
José de Alencar Soares, ou Alencar Sete Cordas, como é mais conhecido, mudou-se para a capital federal na década de 70. Alencar Sete Cordas teve importante atuação no desenvolvimento musical de Brasília, visto ter sido um dos fundadores do Clube do Choro de Brasília, no qual se apresentou durante 25 anos como violonista e arranjador do Grupo Choro Livre.
Logo que chegou à cidade, o violonista foi ao encontro dos músicos que participavam da roda de choro no apartamento de Odete Ernest Dias, na 311 Sul, onde foi criado o Clube do Choro. Ontem, a flautista, que voltou a morar no Rio de Janeiro, soube da morte do amigo logo no começo da manhã. “Estou chorando desde que tomei conhecimento da morte dessa pessoa íntegra, de grande doçura e um músico extraordinário. O Alencar gravou pela primeira vez ao me acompanhar no choro Só para moer, faixa do disco A história da flauta brasileira, que lancei pelo selo Eldorado em 1981”, lembra, saudosa.
Parceiro Constante do Alencas o cavaquinista Eneias tem vários clássicos gravados com o nosso querido mestre.. As baixarias do Alencas são muitooooooooooo boas. Confiram
Ve se Gostas
Santa Morena
Choro novo em Dó
Receita de Samba
Queria me bem
Okikirias
Atuação como Instrumentista
Ao longo de sua carreira, o mestre Alencar Sete Cordas apresentou-se ao lado de diversos importantes instrumentistas brasileiros, dos quais se destacam: Hermeto Paschoal, Sivuca,Dominguinhos, Oswaldinho do Acordeon, Laércio de Freitas, Antônio Adolfo, Leandro Braga, Gilson Peranzeta, Sebastião Tapajós, Zé Menezes, Turíbio Santos, Marco Pereira, Paulo Belinatti, Paulo Moura, Zé da Velha e Silvério Pontes, Paulo Sérgio Santos, Proveta, Carlos Malta, Altamiro Carrilho, Carlos Poyares, Odeth Ernest Dias, Plauto Cruz, Ronaldo do Bandolim, Jorge Cardoso, Hamilton de Holanda, Izaias do Bandolim, Déo Rian, Joel Nascimento, Armandinho Macedo, Waldir Azevedo, Henrique Cazes, Maurício Einhorn e Avena de Castro, e outros.
Também acompanhou diversos cantores, tais Cartola, Clementina de Jesus, Moreira da Silva, Sílvio Caldas, Paulinho da Viola e Elton Medeiros.
Gravações
Gravou discos:
- Chorando Callado 1 e 2
- Choro Livre
- Aos Mestres, com Ternura
- Regional BemBrasil (em fase de gravação)
Brasil 3 por 4: música incrível do grande mestre interpretada por outro virtuoso Fernando César.
Ele participou de vários aniversários de Brasília (último Registro 51 anos de Brasília):
Nome destacado da música instrumental brasileira, o bandolinista Hamilton de Holanda recorda-se de Alencar com muito carinho. “Aprendi muito ouvindo-o tocar. O Alencar participou da gravação do disco de estreia do Dois de Ouro, no qual o Fernando César e eu registramos duas músicas dele, Imagem e Imitação. Ele deixou como legado um método de ensino revolucionário, sem necessidade de cifra, que facilita a vida de quem pretende aprender a tocar violão e outros instrumentos de corda.”
Atuação Pedagógica
Alencar Sete Cordas foi um dos professores pioneiros da Escola Brasileira de Choro Rafael Rabello (EBCRR), com Hamilton de Holanda, Jorge Cardoso e Evandro Barcelos, na qual trabalhou cinco anos, em seguida, fundou sua própria escola. Foi professor na Escola de Música de Brasília durante quatro anos .
Em sua atuação pedagógica, merece grande destaque a formulação da Teoria das Árvores Harmônicas. Esse método destina-se ao ensino e à aprendizagem da Harmonia Funcional, sendo ferramenta bastante utilizada e festejada por seus alunos. Participou de várias edições do Curso Internacional de Verão (CIVEBRA), na Escola de Música de Brasília (CEP-EMB), seja como professor de Violão de 7 Cordas, seja como professor de Harmonia e Improvisação.
Em uma das suas aulas de vida:
Finalmente, dirigiu o Regional BemBrasil, grupo de música instrumental destinado à pesquisa e divulgação do Choro.
Músico com quem Alencar vinha tocando ultimamente, o bandolinista Jorge Cardoso era só tristeza ao falar, ontem, sobre o amigo e conterrâneo. “Nos conhecemos em Fortaleza e nos reencontramos em Brasília. Ultimamente, fazíamos muitas apresentações juntos. Ainda não estou acreditando que ele tenha morrido. O Brasil perde um grande mestre do violão sete cordas”, afirmou, desolado. Abaixo uma das últimas apresentações do mestre ao lado de Jorge Cardoso no Espaço Cultural BB.
Agora o céu certamente estará repleto de alegria recebendo esse grande mestre que se junta a tantos outros que já partiram, Joaquim Callado, Catulo da Paixão, Ernesto Nazareth, Jacob do Bandolim, Pixinguinha, Waldir Azevedo, Pernanbuco do Pandeiro.
Alguns registros do mestre
Alguns Depoimentos
Figura das mais importantes, generoso e talentoso como os grandes.
"O grande e insuperável mestre se foi.
Toda sexta feira às 19:00 hs o Alencar dava aulas de violão para meu filho George que é deficiente visual e auditivo. Durante 6 anos essa foi a minha rotina.
Duas semanas atrás gravei o mestre tocando "Paraquedista"com meu filho em sua academia alencarina como todos chamavam.
Devo ao Alencar uma eterna gratidão por ter conseguido que meu filho com todas as dificuldades oriundas da deficiência ter aprendido tocar as músicas eternas do choro.
A dor que sinto não permite que eu escreva mais.
Alencar você continua no coração de todos que o admiravam e amavam a sua forma de ensinar e tocar.
Elizeu Souza
Brasília-DF "
"Confesso que acabo de tomar um baita susto com esta notícia. Tive a grata satisfação de conhecê-lo no I FENAVIPI (I Festival Nacional de Violão do Piauí), em 2004. Nessa edição do FENAVIPI paraticiparam, também, Turíbio Santos, João Pedro Borges, Guinga e Erisvaldo Borges.
Um professor maravilhoso e um ser humano, idem. Uma grande perda para o violão brasileiro."
"Uma grande perda para o universo musical brasiliense e brasileiro. Excelente músico, conhecedor profundo da MPB e uma grande pessoa. Estava programada sua participação, amanhã, no Clube do Choro, no show de Antônio Carlos Bigonha."
Caro Beto,
ResponderExcluirSaudações musicais!
Obrigado pela homenagem ao meu saudoso amigo e parceiro musical Alencar 7 cordas. Vou compartilhar em meu blog http://jorgecardosobandolim.blogspot.com.br/
Um abraço,
Jorge Cardoso
Claro Jorge!!! Como anda o choro ai em Fortaleza?? To chegando por ai no final de Junho!! Manda sua agenda!!! Abs
Excluirtrabalhamos juntos em diversas eventos dacade 70/80 em brasilia co o tambem saudoso carlinhos giffoni! regional primas e bordôes. alencar faz falta !!
ResponderExcluirComo faz!!!!!
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